O tema abordado aponta para a importância das concepções sobre as dimensões do cuidado e do viver humano. Compreender o significado da vida no processo do cuidado inclui não somente atribuições técnicas do profissional, mas capacidade de perceber e compreender o ser humano, como ele está em seu mundo, como desenvolve sua identidade e constrói a sua própria história de vida. Essa inquietação parece presente nas pessoas que cuidam da vida do ser humano no ambiente hospitalar.
" O que a vida do ser humano de que
cuidamos espera dos profissionais?"
Como cada profissional é um ser único, vivendo momentos diferentes é únicos, cada um tem a oferecer um significado em potencial. É óbvio que isso exige, muitas vezes, a renúncia a nossos interesses individuais, para que possamos perceber melhor o coletivo, fator decisivo no processo saúde-doença.
Temos limites que precisam ser superados, ao mesmo tempo em que não somos onipotentes e infalíveis. É preciso, a cada dia, a cada nova e experiência, tentar construir nossa própria identidade, sobre o "pano de fundo" da nossa "missão", que é cuidar da vida dos seres humanos. E a "missão" se completa na satisfação do desempenho profissional, e na busca incessante do resgate da dignidade e do valor da vida.
"Não importa o que nós esperamos da vida,
mas o que ela espera de nós!"
Frankl (2000)
"Quem cuida e se deixa tocar pelo sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade, humaniza-se no processo e, para além do conhecimento científico, tem a preciosa chance e o privilégio de crescer em sabedoria. Esta sabedoria nos coloca na rota da valorização e descoberta de que a vida não é um bem a ser privatizado, muito menos um problema a ser resolvido nós circuitos digitais e eletrônicos da informática, mas um dom, a ser vivido e partilhado solidariamente com os outros."
Pessini(2000)
No mundo capitalista e globalizado de hoje, a tecnologia é utilizada com fins econômicos, sobrepujando, muitas vezes, os padrões éticos e técnicos. Todavia, a utilização de técnicas e da tecnologia, no cuidado, não tem sentido se não estiver integrada ao processo relacional.
A natureza complexa desse tema exige dos profissionais questionamentos sobre o significado de sua atuação assim dependente da tecnologia. Não é possível, porém, negá-la ou abandoná-la. Ela faz parte do mundo hospitalar. O que não pode acontecer é relegar a dimensão humana à sombra da tecnologia, priorizando a técnica, o equipamento e a medicação.
No meio acadêmico como nas instituições de saúde, desenvolver o espírito de equipe e estimular o trabalho interdisciplinar, com o objetivo maior de humanizar as relações entre as pessoas.
Por sua complexidade, o ambiente hospitalar impõe a ampliação da discussão com a sociedade, afim de estabelecer um quadro ético de referência para o cuidado humanizado. um caminho possível e adequado para a humanização se constitui, acima de tudo, na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta, no ser humano, sentimentos de guarida e confiança.
Durkheim(1999)
A valorização da sensibilidade no processo do cuidado é vital, pois conhecimento facilita a relação com o paciente: " a sensibilidade humana é a capacidade de sentir empatia, de se deixar tocar pelas vidas, sofrimento e alegrias, esperanças e desejos de outras pessoas... portadoras de mistérios que transcendem a nossa capacidade racional."
ASSMANN e SUNG(2000)
Para fazer e ser o diferencial nas relações do cuidado humanizado, no ambiente hospitalar, requer-se do profissional da saúde que atue com humanidade, solidariedade, sensibilidade, além de ter postura correta e dignidade de caráter.
Nesse particular, cabem algumas indagações:
Será necessário avaliar a humanização no ambiente hospitalar, tendo em vista a existência de tantos indicadores demonstrando a qualidade dos serviços?
O que deve ser objeto de avaliação, segundo o conceito de humanização?
É possível avaliar a afetividade, a presença solidaria do profissional ao lado do ser humano?
Fonte: "Humanização e Cuidados Paliativos", 4ª edição: outubro de 2009; Leo Pessini, Luciana Bertachini.
- Por: Matheus V. R. Fonseca
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