O objetivo da ortotanásia é contribuir para que o processo natural de morte desenvolva o seu curso natural. Seu advento evita prolongamentos irracionais e cruéis da existência do paciente, poupando-o e a sua família de todo o desgaste que essa situação envolve.
Nesse contexto, ortotanásia e
o cuidado paliativo estão intimamente atrelados, são instrumentos de
preservação da dignidade da vida humana. A visão integral da assistência
oferecida nas unidades onde existe a possibilidade de um trabalho que impeça a
exposição do paciente terminal ao que é desproporcional leva à aceitação da
morte e à valorização da vida. Neste espaço, são gerados reencontros,
reconciliações, reflexões e ações determinantes para a realização do indivíduo
como ser humano. No depoimento dos familiares, as palavras respeito e afeto
aparecem de forma recorrente dentro de uma estrutura cujos pilares são o
tratamento individualizado dos problemas com base no diálogo e na autonomia.
Abaixo temos o depoimento de
MMG, filha de MLB, falecida ao 75 anos,
portadora de câncer que optou pela ortotanásia atrelada a cuidados paliativos:
“Aos 72 anos minha mãe começou
a sangrar, inicialmente pensou que era menstruação, porque era pouco sangue.
Mas, o quadro se complicou, então resolvemos procurar um médico. Como as
consultas e os exames foram feitos pelo SUS, demorou muito até que nos dessem o
diagnóstico de câncer no útero. Além disso, o médico também disse que o caso
dela era grave e precisaria fazer quimioterapia.
Quando eu e minha família
soubemos da notícia ficamos apreensivos e sem pensar duas vezes pedimos ao
médico que começasse o quanto antes a quimioterapia. Mas, esta não foi a
vontade da minha mãe. Apesar de insistirmos, ela teimava em dizer que não
queria ver seu cabelo caindo, que já tinha vivido muito e aproveitado da vida.
Minha mãe preferiu passar os últimos momentos da vida em casa, com a família,
como sempre foi. E com esta decisão, ela assinou os documentos solicitados pelo
hospital, dizendo que não queria o tratamento e tinha consciência dos danos que
isso poderia causar.
Ao sair do hospital minha mãe
voltou pra casa, e voltou, na medida do possível a sua rotina, tomando alguns
medicamentos para aliviar a dor que por vezes parecia insuportável. Mas, ainda
assim lutou contra a doença e permaneceu conosco por mais três anos. Foram três
anos em que pude conviver mais com a minha mãe, valorizar mais a sua presença
sem o estresse de um hospital, sem vê-la sendo furada todos os dias, sem vê-la
triste porque seus poucos cabelos brancos caíram numa quimioterapia.
Hoje eu fico imaginando como
foi sábia a decisão de minha mãe em preferir ir para casa, fazer uso de uns
poucos remédios, talvez ela até sobrevivesse mais tempo usando os inúmeros
medicamentos propostos pelo hospital, mas sem dúvida a qualidade dos seus
últimos dias não seria a mesma”.
- Por: Paloma O. Dourado
Muito bom texto, Parabéns, conseguiu abordar um tema tão controverso de forma simples,valorizando a ideia de sociedade democrática ,portadora da igualdade, onde os chamados direitos do homem , autonomia da vontade foram respeitados como ratifica o depoimento apresentado, afinal já dizia Freud" Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte" .
ResponderExcluirMuito bom o texto! Mesmo não existindo a possibilidade de cura, o paciente tambem tem o direito de todo o cuidado possivel!
ResponderExcluirParabéns pela forma clara e humanizada que você abordou um tema tão polêmico e essencial para sociedade!
ResponderExcluirParabéns, pela forma clara e humanizada que você abordou esse tema tão polêmico e essencial para a sociedade!
ResponderExcluirÉ interessante a abordagem do texto, pois esclarece ao público o que é a ortotanásia, mostrando,assim, o direito que o ser humano tem em não querer passar por tratamentos-muitas vezes invasivos e dolorosos- e recolher-se no aconchego do seu lar, para assim morrer dignamente.
ResponderExcluirÉ interessante a abordagem desse tema tão complica e por muitas vezes um tabu na sociedade hodierna. Mostrando,assim, o direito que o ser humano tem em não querer passar por tratamentos-que em muitas vezes são invasivos e dolorosos- e recolher-se no aconchego do seu lar, assim, morrer dignamente.
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